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segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

OS ROMEIROS DE DIANA


Foto daqui: http://observador.pt/2015/01/25/presos-politicos-nunca-mais-mais-de-100-pessoas-apoiam-socrates-junto-prisao-de-evora/

O tema de hoje é sobre esta e outras peregrinações a Évora que, por questão logística, alberga o preso preventivo com mais mediatismo das últimas décadas, mesmo que esteja detido pelos braços da Justiça e não por um qualquer Copcon ou outro braço armado da bandalheira nacional pós-25, como sucedeu com Gente que não fez mal a ninguém.
Já o disse por aqui e não tenho qualquer pejo em reavivá-lo, que, tivesse eu a desdita de ter o José Pinto de Sousa por amigo, já o teria visitado na prisão. Logo, seja por amizade, seja por outro qualquer interesse pessoal ou estratégico, não tenho qualquer reparo a fazer aos muitos visitantes, que, instados pela CS, a pronunciarem-se, se limitam a dizer isso mesmo. Que são visitas de amigos. Nem mesmo àqueles que vão mais longe e dizem acreditar na inocência do "44" do E.P.E.
Bem diferente é comportamento de figuras bem conhecidas e que até já estiveram no leme dos nossos destinos,  que fazem da entrada do estabelecimento prisional o lamentável esgoto dos seus ódios, da sua raiva  aos fautores da Justiça e lançam ali mesmo o veredicto da inocência, da perseguição política, da má fé dos Juízes, ao mesmo tempo que passam um atestado de santidade incondicional ao homem que acabaram de visitar.
No mesmo patamar, mas com contornos folclóricos e de cenas algo patéticas, que, por momentos comparei a manifestações do Clube de Fãs do Tony Carreira, sem qualquer despeito por este último, foi o que vi, ontem, em Évora. Pelos dísticos que ostentavam, pelas palavras de ordem vibradas pelas adenóides daquelas gargantas roucas, aquela romagem, organizada por um alegado "empresário e amigo de longa data" do José, foi um espectáculo deplorável.
Umas e outras, podem bem enquadrar-se numa estratégia de pressão sobre os Magistrados, em cujas mãos o processo do "Marquês" vão passando, mas poderão ser, mais do que isso, uma prova inequívoca da baixa formação cívica de que ainda padece uma larga fatia deste apodrecido melão nacional.
A presunção de inocência é um direito inalienável. Nunca ninguém me ouvirá condenar este ou qualquer outro suspeito, preso ou em liberdade, por casos que ainda correm trâmites na Justiça. Politicamente, sim, desde há muito, por outros e até por factos recentes que o próprio já assumiu, que condenei Sócrates e, disso, nunca o absolverei,mas o tempo da Justiça é outro. Há que a respeitar.
Por isso é que, da mesma forma que ora reprovo estas manifestações de pressão sobre a Justiça, condenaria quem, bem ao estilo das "tocaias", de que alguns são mestres useiros e vezeiros, se manifestasse à porta daquela prisão, a favor do enclausuramento do ex-Primeiro Ministro ou para lhe despejarem chorrilhos de impropérios e insultos!
Que se acalmem, uns e outros. Que aguardem, sem cegas certezas, a verdade de que a Justiça melhor saberá espelhar, sem coacção de espécie alguma.
Quanto ao viajante fantasma, que vos acaba de maçar com mais este verter de ideias, garante-vos que, politicamente, não deixará de vos lembrar quem foi e é, o que fez (e, tanto mal fez) ou deixou de fazer, aquele a quem o símbolo da balança atribuíu o 44, por sinal, o número das minhas botifarras, que, nos sapatos, me fico pelo 43 e sempre desconheci o das ferraduras que tanta alimária vai calçando por este nobre País, que vai sendo tão bestializado nos últimos tempos!