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quinta-feira, 22 de outubro de 2015

É A COERÊNCIA, ESTÚPIDO!

De facto, como é comum ouvir-se, a Política é suja. Só que, nunca assimilei para mim que estivesse eivada de tanta matreirice, que, da sua estrutura de de colunas demagógicas e populismo mistificador, conhecemos o traço.
Nem é bem da tentativa de "assalto" ao poder que Costa vem protagonizando, com o suporte dos dois calços radicais que vou, ora, bater teclas.
Estou a lembrar-me do sagrado fervor com que alguns partidos, quais dragões de guarda ao templo da Constituição, a invocam nos seus desideratos e a forma guerrilheira com que atacam quem ofende a "vaca sagrada". Tanto mais me lembro, que ainda não esqueci como o, então, Presidente da República Jorge Sampaio, dissolveu uma Assembleia para derrubar o Governo de Santana Lopes, com poucos meses de existência, suportado por uma maioria absoluta parlamentar caucionada pelos votos dos portugueses. Invocou, como justificação, "trapalhadas" não explicitadas, tanto mais que era um governo recém empossado, quando lhe seria quase impossível o artifício do não funcionamento das instituições, único alibi para a sua tomada de posição tão drástica e que tanto jeito deu ao partido de que é militante. Os ventos das sondagens eram favoráveis!
Nenhum dos titãs habituais, de sentinela ao Templo da Constituição, o TC, nem qualquer comentador "aconstançado" e fauna opinadora similar, veio a terreiro em defesa da nossa Lei Mestra! O batuque foi barulhento e festivo, mas, quanto à legalidade do bota abaixo duma maioria absoluta, fez-se um silêncio "ensurdecedor".
E, se o desígnio era esse, cumpriu-se a sua vontade: o PS tomou o poder!
Mas, a incoerência, a elegia da chuva só quando cai no nabal e não na eira, é mais flagrante nestes dias de política sórdida, preocupante. Porque brada aos céus e às profundezas que são morada de Belzebu, ver, ouvir, ler, iluminados palradores, escribas e outros tocadores de lira syrizada, que sempre criticaram o actual Governo por acatar as decisões de Bruxelas, exigindo, aos berros mega fónicos, que este falasse grosso, contrariasse as normas das instituições europeias, virem agora condenar esse mesmo Governo - na situação de indefinição política em que nos encontramos - e acusar o PR das culpas, por não haver sido remetido, na data estipulada pela Comissão Europeia, da proposta do Orçamento de Estado!
Que viva a santa coerência..... e o feno seco!