Não sei se por desatenção, é justo que o antecipe, nunca ouvi da boca de qualquer responsável ministerial, a tão discutida criação das listas negras dos devedores às empresas que, sendo privadas, prestam serviço de interesse público, como a EDP, GALP e congéneres.
O facto é que a lebre, lançada pelo Governo, pela Comunicação Social, pela Oposição ou por qualquer mexilhão mediático, anda por aí, em debates acesos, com foros de escândalo e notório repúdio nacional.
Sendo, por princípio natural, exigível que as dívidas se paguem, também não nos parece ser de bom senso que um Governo, no exercício das suas funções constitucionais, sobretudo este que se propõe - e bem, na minha perspectiva -, libertar o Sector Privado do peso do Estado, tome para si as dores das grandes empresas privadas e se lhes substitua nas acções de recuperação de dívida, tal qual homem do fraque ou regedor moral e da devassa dos "caloteiros".
Esse mister cabe, por direito e dever, às empresas que fornecem os serviços, que têm à sua disposição os dispositivos legais para serem ressarcidos dos bens postos à disposição dos seus clientes.
E, neste âmbito, o único e válido contributo do Governo, advém da obrigação do Estado em manter actuante e rápida uma Justiça que tarda em afirmar-se e a quem cabe a resolução dos conflitos de consumo que lhe sejam presentes pelos contribuintes, sejam eles cidadãos individuais, quer empresas ou Grupos.
Pressinto que a famigerada "Lista Negra" só pode ser mesmo lebre. Se o não for, não passa dum tremendo disparate ou da confirmação do que há décadas se propala, da tal promiscuidade entre as grandes empresas e os altos servidores do Estado, conhecendo nós como um e outro sector são a mesma mesa de ténis, onde estes últimos saltitam para um e outro campo, como bolas de ping-pong!....