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terça-feira, 13 de agosto de 2013

TÁXI, TÁXI!

   Somos do tamanho dos outros, maiores, até, nalgumas páginas remotas da História, mas continuamos uns "pequenotes", sempre que invejamos e pretendemos imitar tudo o que os da estranja fazem, mesmo que sejam acrobacias sem sentido ou macacadas de encher o olho!
No cidadão comum, educado desde pequeno em ambiente de publicidade mediática, onde, não poucos, ainda fazem da caixa mágica da TV, o seu sacrário, e que tudo o que as santas línguas de serviço articulam, vale por um Evangelho, não surpreende que hajam engrossado a procissão dos que clamaram por que o exemplo do Primeiro-Ministro norueguês, vingasse na Almirante Reis ou numa corrida que, do Aeroporto, arribasse ao destino no Areeiro, depois de duas voltas por Massamá.
O que me cheira a esturro de miolos queimados é ouvir de jornalistas topo de gama, comentadores de fabrico exclusivo para os canais de maior share, jornalistas de craveira e colunistas pagos a ouro, que o exemplo do Chefe do Governo norueguês devia ser seguido pelo Primeiro Ministro de Portugal. Todos os fizeram, em jeito de desafio, alguns com um sorriso larvário, como se projectassem uma viagem à Cova da Moura, com o taxímetro em tarifa nocturna.
Não que esteja a sentir as dores duma eventual cacetada no homem do volante, numa qualquer ruela mais escura, mas, ver e ouvir eminências comunicativas pretenderem recriar aquela demagógica tarefa do clonado taxista norueguês, reconhecendo-lhe, deduso eu, uma virtuosidade exemplar, diz bem do tamanho médio da fontanela de gente que devia ver um pouco mais além.
Antes de mais, porque aquele serviço a que o Chefe do Governo norueguês se prestou, não foi mais que um episódio propagandístico, enquanto candidato ás eleições que se avizinham e em que vai escorregando nas sondagens. Depois, parte  dos seus supostos clientes, os que mais se pronunciaram durante as viagens não passaram de figurantes pagos, pelo seu partido, para a representação.
Será disto que, por cá, os apressados emissores dos convites , gostam?
  Como gostaria de os ter ouvido dar a conhecer a organização política daquele País, do funcionamento da sua Justiça, do comportamento dos seus cidadãos e, - porque não? -, dos 169 deputados que compôem a Assembleia norueguesa, comparados com os 230 que roçam as espaldeiras de S. Bento!
Por mim, dispenso bem! Cabriolarias faz de conta e fantochadas circenses, já vamos tendo por cá muitas. Em excesso, digo eu!
Mas, ainda que o não fosse, a Noruega é dos países onde melhor se vive no Mundo. Se o taxista governamental português, fizesse umas bandeiradas quando jorrasse mel e ouro pelo país, como soe dizer-se, não lhe reconheceria qualquer "avaria", que nulo era o risco de viajar com carteiras cheias nos bancos de trás!
  Somos "pequenotes", nestes e noutros quadros, quando pretendemos pintar com a grandiosidade de artistas consagrados. Que, se não nós falta engenho e arte para todo o tipo de pinturas, nós não somos da Noruega!