O horizonte próximo era o 2º Resgate, o pior dos males reservados a Portugal, com todas as dolorosas implicações, que, percorrendo de novo a austera trilha, seria uma previsibilidade cruel para os portugueses, já tão prensados por uma Crise, de raízes antigas e profundas, que nos bateu forte.
Foi este o cenário urdido, agitado e garantido, como fantasma draconiano, pelas oposições, tendo por porta-estandarte o principal candidato ao Poder.
Vieram outros sinais, soprados com ventos de alguma esperança. A Economia foi saindo do coma profundo, em parte induzido, em que a haviam prostrado e deu sinal de vida.
Tudo se altera! Nas previsões dos "olheiros" internacionais, do Governo e, provavelmente, com não pouca acidez, nas mentes dos timoneiros da Oposição, que vinham, de há muito, disparando fortes e demolidores remates no elenco governativo, quer pelas chuteiras dos seus actuais pontas de lança, quer por botas gastas das velhas glórias que, há muito, as deviam ter arrumadas!
As bolas começam a bater na trave, nos postes, sinal de alerta para o PS, que tem receio de que a assistência, cansada de tanta e insistente azelhice, comece a assobiar e despeça o treinador!...
O discurso muda. Já não é o novo resgate que arde na fogueira do Bota Abaixo. Tem que se encontrar um novo Diabo que lhes salve a retórica gasta, que, tanto investimento em propaganda do contra, não pode esfumar-se como palha seca.
E, ei-lo! De forquilha em riste, tem, desde a pia baptismal o nome de "Programa Cautelar" , o escolhido pelos padrinhos europeus.
Rejeitado pelos irlandeses, que preferiram uma cura sem aditivos protectores ou um salto no trapézio sem rede, é, agora, no panorama luso, a fornalha das raivas oposicionistas, a quem o malvado "2º Resgate" terá deixado de mãos vazias e lábia gretada!
E, zumba, tumba, catrapumba, há que malhar na "cautelar", tanto mais que só teria um ano de vigência e até já não permitia a Seguro provar-lhe a calda...
Os socialistas que, mesmo quando a tal convocados pelo PR, rejeitaram os acordos por ele propostos para um entendimento a longo prazo com os partidos na governação, enjeitando, mesmo, benesses para um precoce e hipotético regresso ao pote, vinham dizendo que não, que nunca entrariam na Barca, com este Governo ao leme.
Depois, ainda não há muito tempo, proclamavam, em tom solene, mas estridente, de que os entendimentos e acordos com o Governo se fariam apenas , e só, no quadro do Parlamento.
Agora, Sésamo, a porta abriu-se! Seguro já pede encontros "tête-à-tête" com o PM, já dialoga pelo telefone, que não é encarnado, em plena Assembleia!
Há que aplaudir. Que, sim, é na Assembleia da República, que o rumo do país tem que ser discutido e acordado, que aquela Casa, por nós, bem ou mal, eleita, não serve, apenas, como arena romana, onde os contendores se digladiam com acusações e insultos perante galerias de claques espontâneas e contratadas, que aplaudem ou apupam, segundo as instruções do Ponto!
Mas, que ninguém se iluda, tal como não me iludo eu: esta inesperada e pretensa abertura dialogante ou cooperante por parte do Partido Socialista, não acontece por acaso.
Seguro leu os sinais, os do I.N.E. e os das organizações internacionais. Sabe que o 2º Resgate já se não vislumbra no horizonte próximo. Terá mesmo dúvidas, quanto à necessidade do "cautelar", passem os maus sinais que, também eles, têm enviado aos Mercados.
O líder do PS já vê, nos seus pesadelos das noites frias, o Governo a recolher as âncoras para que o Barco se faça ao Mar. Não quer ficar em terra, sozinho, na amurada, que o Barco pode estar de saída! E quer lucrar com o resto da Viagem, se esta chegar a bom Porto....
Que, os portugueses, votam em 2015!