Aquela expressão da Ministra das Finanças, dos "cofres cheios", só é estranha e objecto de demagogia populista, para quem, sem precisar de ser economista, vive nas trevas da Economia, ou para quem, sem vergonha, se agarra a isto para a suja propaganda partidária, tomando o Povo por ignorante.
É evidente, todos o sabemos, e sentimos, que os Mercados só acreditaram em nós e nos recomeçaram a financiar a juros historicamente baixos, mercê dos sacrifícios a que fomos forçados pelas medidas dos últimos anos. Mesmo que, algumas delas, tenham sido eivadas de dureza e pouca equidade. Que, como em tudo na vida, só não erra quem não faz!
Mas, sem que tenha por aqui o cadinho da água benta para a santificar ou defender dos demónios, a Ministra, ao dizer "cofres cheios", não quis fazer crer ninguém que Portugal estava um País rico! Disse-o, porque tem provisões, como soe dizer-se, de tesouraria, para fazer face às despesas do Estado, durante um período de tempo razoável. Esse mesmo, o dinheiro que comprou mais barato, mercê da confiança que recuperámos junto dos credores internacionais, em contraciclo com o pé na bancarrota com que Sócrates deixou o País, em 2011, quando se perspectivava que, no mês seguinte ao pedido de ajuda internacional, já não havia tusto para pagar aos funcionários e outras despesas públicas correntes. Que já ninguém nos emprestava capital e se o faziam era com juros exorbitantes.
Que, qualquer leigo na matéria, comigo à cabeça, sabe que continuamos devedores e que não há motivos para euforias!
Aquela reacção, aproveitamento de António Costa, tal qual o ouvi e vi, nas televisões, ontem, é que me ofende e devia ofender quem não tem apenas caca castanha na cabeça. Que, aquele choradinho demagógico de confrontar a situação de "cofrres cheios" com a pobreza, os beneficiários do antigo "rendimento mínimo", os desempregados....... e tudo o que ainda não vai bem, mesmo que ideal nunca haja estado, neste País, é dum populismo atroz, falado para uma plateia de analfabetos que não somos!
E, mais do que o copo meio cheio ou meio vazio, o que mais me preocupa é que sejam estes educadores de massas, que não apresentaram ainda uma ideia válida e exequível para o Futuro próximo deste Povo, mormente as fórmulas para minimizarem os males de que a Sociedade ainda padece e que é sua bandeira de propaganda, a tomarem-nos todos por pacóvios incultos, descuidadas aves, que lhes entram pela boca após o seu canto da serpente!
O Vouguinha não tem cheio o cofre, mas está de saco cheio de propaganda política purulenta, a que tudo serve de mote e arma de arremesso, como se não vivessemos todos no mesmo espaço e sonhemos todos com o Bem Estar de quem o habita!