Acabei de ouvir os discursos de todos os partidos com assento
parlamentar que antecederam a aprovação do Orçamento de Estado para
2017.
Discursos escritos, forjados nos órgãos de propaganda
partidária, "embeveceu-me", sobremaneira, aquele em que Carlos César, o
Presidente do PS, interrompeu, por momentos a desbragada oposição à
Oposição e, com toda a santidade estampada na voz, se socorreu,
longamente, duma encíclica papal.Uma autêntica hóstia de demagogia,
servida em hora de almoço! Por momentos, cheguei a imaginar-lhe uma
sacra auréola, não se tivesse, de novo apagado o castiçal das mãos de
anjinho, para retomar os ferozes ataques a tudo o que mexia para além
dos horizontes da geringonça. Aos projectos concretos e sustentados,
disse nada!
Mas, desengane-se, quem pensar que eu menosprezo esta
autêntica máquina de propaganda, que se vai afirmando e envergonhando as
dum Goebbels e que temo se venha robustecendo ao ponto de enveredar
pela Censura dum Glavlit soviético e tenhamos que recuar aos tempos em
que, no dizer do escritor Isaac Babel , ele próprio um
marxista-Leninista que caiu em desgraça junto de Estaline, que desabafou
só poder partilhar as suas ideias, na cama com a esposa e com a porta
do quarto bem fechada!
Exagerado?! Os condimentos estão lá todos, na
geringonça, e os sinais não vão faltando e é um processo lento que
como uma boa injeção, só se dá conta dela, depois de retirada a agulha!
Propaganda, dinheiro distribuído pelas clientelas políticas, pressão e
controle da Comunicação Social e uns caramelos de açúcar, que todos
pagaremos mais tarde, lançados para multidões de bocas amargas, são o
caldinho perfeito para que, quando acontecer a derrocada económica e a
miséria se instalar, o Povo lhes ajoelhe aos pés e grite:
AVÉ, CÉSAR! Tende piedade de nós!