... são dois direitos consignados na Constituição Portuguesa.
Sem nos determos na justeza da última Greve Geral, nas razões que assistem para o descontentamento que grassa entre os trabalhadores, sobretudo os da Função Pública e nas Empresas do Estado, pela perda de alguns direitos e regalias, nem querendo opinar a propósito dos objectivos alcançados pelos grevistas ou dos prejuízos dela decorrentes, vou quedar-me pelos direitos à greve e ao trabalho.
Não sejamos ingénuos, nem procuremos ignorar o óbvio: desde há muito, e pelas mais variadas formas, os designados piquetes de greve, não se limitam, em muitas situações, em tentarem demover, de forma serena e legalmente admissível, os que não pretendem faze-lo. Sabem, ademais, os menos distraídos, que esses piquetes não são, exclusivamente, compostos por trabalhadores das empresas em greve. Juntam-se-lhes activistas, partidarizados, que procuram conduzir o desenrolar da actuação destes piquetes.
A sua acção, quer pela violência, quer por outras formas que impeçam quem, por convicção, por necessidade ou por motivos próprios, entenda não aderir à greve, não pode ser encarada como um direto. É, ao contrário, uma afronta grave a um outro direito: o direito ao trabalho!
Já, por aqui, ou noutras plataformas, já lá vão alguns anos, condenámos uma propalada ida de policiais a algumas sedes sindicais, na véspera de uma greve de professores, indagando de quantos seriam os profissionais a exercer esse direito. Veio, de seguida, a desculpa de que, a entidade que ordenou essa diligência, o teria feito apenas como busca de informação para articular a segurança do evento. Ainda assim, considerei, e considero, que foi um acto gratuito e inadmissível, porquanto poderia ter sido entendido pelos trabalhadores da Educação como uma forma de pressão ou desmobilização, logo, uma ofensa ao direito à greve.
É, agora, o momento de, numa visão justa e isenta, condenar a forma como, visionando este e outros vídeos, das movimentações à porta da Estação da CARRIS da Pontinha, mesmo que de autoria duma das partes envolvidas, da área sindical, o piquete procurou impedir a saída dos autocarros coarctando, assim, a alguns motoristas, o direito ao trabalho.
A liberdade não pode ser instrumento de um só grupo. Em Democracia, a liberdade de fazer greve está no mesmo patamar da liberdade de trabalhar. São direitos que, precisamente, quem mais reclama nas ruas e protesta pela perda dos seus direitos, tem a obrigação acrescida de respeitar.
Mas, isso, deve começar a aprender-se na Escola, na formação cívica, não nos catecismos dos partidos!