Durante a semana, blá, blá...
Durante a semana, blé, blé...
Durante a semana, bli, bli...
Durante a semana, bló, bló...
Durante a semana, blu, blu...
Durante a semana... nada se passou, para além da confirmação de que o PS nunca se dispôs a acordar fosse o que fosse!...
Surpresa? Para quem, afinal? Só mesmo para quem, menos avisado, distraído ou a leste do desprezo que esta gente nutre pelo País, directamente proporcional à sua vincada e comprovada apetência pelo poder.
Nunca me iludi. Não foram os conspiradores do costume, não foi Soares, nem Alegre, não foi ferro Rodrigues, nem foi Sócrates e a sua tralha que ainda domina aquela força política, quer no Rato quer em S. Bento, que demoveram Seguro de qualquer Acordo. Tudo estava escrito nos céus, antes mesmo que aqueles se pronunciassem na praça pública.
Quando soou o tiro de partida para esta corrida de salvação e se iniciaram os encontros a três, impostos por Belém, já o líder do PS havia desistido da prova e sentenciado o fracasso de qualquer entendimento.
Estultice é, por mero exercício de distribuição de culpas, inculcar, numa visão simplista, este anunciado desenlace nas propostas apresentadas pelo Rato na mesa das negociações. Fossem elas quais fossem , o resultado não se alteraria. Quanto ao documento que avançaram era já, de per si, a morte antecipada, quando, depois de o lermos, ficamos com a convicção de que tudo se sintetizava naquele famigerado ponto 7:
"............................ Correspondendo à solicitação do Presidente da República quanto às condições de governabilidade, após a realização das eleições legislativas antecipadas, o PS assume as
suas responsalidades e reafirma:
O PS ambiciona governar o país com maioria absoluta. ............................................................"
Preto no branco, sem mais delongas, com a pretensão de que os homens da rosa, de há muito, habituaram os portugueses. O PS quer governar com maioria absoluta, mas, sobretudo, quer poder, o mais depressa possível, que os apetites das clientelas já pressionam o próprio Seguro.
O resto, o grosso do seu documento, não era mais do que do que aquilo que todos ambicionamos, que fica bem na opinião pública e é um esmerado panfleto de propaganda, defender o combate ao desemprego, aliviar os impostos, crescimento.... Desígnios que são, afinal, os que todos, incluindo a governação actual, não deixaremos de almejar. Fáceis de enunciar, estavam lá aqueles e todos os demais anseios. Faltou o essencial, que o Presente e o Futuro não se constroem apenas com teorias de fino recorte, é imprescindível o pragmatismo e, esse, não estava lá, pois faltavam os caminhos, os rumos concretos e exequíveis, para alcançar tão desejadas metas.
O único passo substantivo ali enunciado não foi mais do que engrossar o grito primário e já gasto dos que clamam "Que se Lixe a Troika", ao apontar a via cómoda e risível de entrar em confronto com os nossos credores internacionais, sem que, contudo, Seguro haja aceitado participar, conjuntamente com o Governo, nas reuniões e discussões com os membros da Troika, nos seus exames regulares, conforme convite que lhes foi publicamente expresso.
Deste filme, um típico drama à portuguesa, que Camilo não se importaria de escrever, há actores cujo desempenho os condenará, inexoravelmente, à condição de duplos e figurantes pagos à peça. Se o PS e o seu leque de artistas não surpreenderam, que lhes conhecemos as marcas na ourela, já o Prof. Cavaco Silva desiludiu e teve um desempenho pouco consentâneo com o cargo de Presidente dum Estado Democrático.
Estando à vontade, pois fui um dos que lhe ajudou a abrir as portas de Belém, depois da "crise Portas", o PR, tinha só um de dois caminhos: ou enveredar por uma "sampaiada", marcando eleições antecipadas, de imediato, com os custos que ele próprio calculou e declinou, ou mantinha, como mal menor, o actual Governo, dando-lhe confiança e apoiando-o com a sua influência e conselho, ao invés de lhe passar uma certidão de morte anunciada para daqui a um ano, o que, convenhamos, não acarretará menos prejuízos para o País do que aqueles da dissolução do Parlamento e consequente novo acto eleitoral.
Escaqueirou tudo, ao tentar inculcar nos partidos, uma fatia do odioso que sobre ele vem recaindo na sociedade, em termos de imagem e popularidade. Que a sua decisão, aparentemente, conciliadora, condenada ao fracasso como estava, à partida - e, que ele, o homem mais informado deste País, conheceria -, não redundou em mais nada que não seja o desbaratar de alguma credibilidade que foi sendo ganha com os nossos sacrifícios de dois anos, junto das instituições internacionais e uma concomitante desconfiança dos Mercados, os déspotas senhores do sobe e desce dos juros da Dívida.
Bem podem, o PS e o PR, limpar as mãos à parede, ao muro das lamentações que nós, portugueses, fomos erigindo nos últimos tempos, sempre na esperança atraiçoada de que, no leme desta jangada a naufragar, surjam navegadores sérios e audazes, que evitem o afogamento das mais elementares esperanças de vida digna par os herdeiros duma Nação de séculos!