Já havia decidido ( e vou manter, no essencial) não abordar a temática dos incêndios, sem que esteja ultrapassado o período negro que nos tem consumido as florestas. Essa intenção prende-se com o facto de entender que não é a quente, em plena luta , o momento adequado para se debaterem questões desta natureza.
O mesmo entendimento não teve o Senhor Ministro da tutela. Rui Pereira que, mal-grado a calamidade que ia galopando em ritmo atrozmente acelerado, sobretudo no Norte e Centro do País, foi sendo credor de compreensão pela forma decidida e presencial como ia acompanhando os casos mais difíceis, quebrando o relativo estado de graça quando decidiu tocar a vuvuzela do optimismo e do positivismo, tão caros ao partido que o sustenta no Governo!
Proclamar “positiva” a forma como se processou o combate aos incêndios, ainda que reconheçamos o esforço, o denodo, dos soldados da Paz, não tanto pelos meios postos à sua disposição, proclamar, quase em tom de vitória, que a área ardida é inferior à que foi pasto das chamas em 2003 e 2005, quando ainda ardem vastas áreas de floresta, quando os populares lutam, sem descanso, na defesa de suas casas, é uma proclamação pouco séria, com fins politiqueiros, um insulto para todos aqueles que ainda pelejam na refrega dos fogos, para todos os que viram os seus haveres reduzidos a cinzas e para os cidadãos que ainda se se vão condoendo e preocupando com a destruição do seu País.
Não andou bem o Senhor Ministro. Não se levantam troféus de optimismo nestas situações. Não há desgraças positivas!
Como não andou bem o Senhor Primeiro, e as suas habituais câmaras de ressonância, quando nos aparece sorridente e de ar feliz, anunciando ter sido positivo o facto do número de desempregados não ter aumentado no segundo trimestre deste ano. Por continuar em carteira com 589.800 desempregados (segundo os dados do INE), desprezando, como politicamente convinha, o facto de, relativamente a igual período do ano transacto, serem mais 80.000 sem emprego! Considerar estes números uma “boa notícia” só pode ser mais um miserável golpe de propaganda. À custa dos que vão assistindo ao resvalar para o abismo dum Povo que teve a desdita de lhe dar caução.
É mais um optimista. Mais um dotado, que, por artes mágicas, não faz vinho da água, mas transforma as derrotas trágicas em vitórias retumbantes.
Afinal, bem à imagem do treinador do clube da minha simpatia que, tendo nome de salvador, após a real derrota com a Briosa, foi lesto em falar de ter dominado e massacrado a equipa adversária.
Estes homens, malabaristas da palavra, são uns optimistas, uns positivistas. Que todos os outros, os que nos falam verdade, com os pés na terra e sem asas de anjos mentirosos, são uns negativistas!