42 anos depois!
Que ninguém alimente dúvidas, ainda, tantos anos depois!. Os
mentores do 7 de Setembro e a multidão, de várias etnias, que se
manifestou, não tinham por objectivo impedir a Independência de
Moçambique. O único desiderato era que o novo País não fosse entregue a
um só partido armado e à consequente sovietização, que se veio a
confirmar, ao arrepio da vontade do seu Povo.
Vejo, por aí e por aqui, muito pessoal a celebrar o 7 de Setembro, como
se esse dia, o do Acordo assinado em Lusaca, segundo a vontade dos
"heróis" de Lisboa, mas ao arrepio da vontade das populações de
Moçambique, as mais interessadas no Futuro daquele território, e as
reacções espontâneas que ele provocou e se seguiram, fossem um marco
glorioso da Independência. Escribas, para quem, o descontentamento
manifestado por largos sectores da vida moçambicana, de todas as cores e
ideologias, com epicentro no RCM e em que se empenharam por fazer ouvir
a sua voz, representantes de vários movimentos independentistas, mais
tarde, cobardemente abatidos, não terá passado dum acto meramente
reaccionáro.
A Independência, ninguém no seu perfeito juízo, a
renegava ou tentaria impedir. Nem haveria outro caminho, mesmo para as
mentes mais recalcitrantes e saudosistas do colonialismo. O que esteve
em causa foram os vícios de forma, a roçar a traição, como ela foi
precipitada, ao entregar Moçambique nas mãos dum partido armado, com
inspiração em sistemas estranhos que nada tinham a ver com o sentir das
gentes moçambicanas.
Os anos que se seguiram, comprovaram-no. Para
desdita de muitos milhares, pretos e brancos, que se viram subjugados a
um Poder que não escolheram, por vontade de gente estranha, alguma da
qual nunca havia pisado aquele território, e que se dizia paladina da
Democracia pluralista.
Que viva Moçambique independente, que o Povo
daquela maravilhosa terra alcance e viva o progresso e seja feliz, que é
o que, Hoje, importa, que a História deu os seus passos e não tem
retorno, mas que, os que ora celebrem com tanto afã exibicionista a
derrota dos que procuravam um Moçambique Livre de escolher o seu
destino, ponham as mãos na consciência, que festejem a justa conquista
dum novo País, mas que não construam cenários e frases ofensivas para
quem se manifestou, então, contra a forma insana de que se revestiram os
acontecimentos daquele 7 de Setembro e as décadas de sofrimento e
tirania a que o Povo moçambicano foi sujeito!
Que se, ao terceiro
dia, se ouviu a senha do "galo amanheceu", não vejo necessidade de andar
por aí tanta gente a cantar de galo....ou a cacarejar!