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terça-feira, 5 de junho de 2018

A CASA AFRICANA























O meu saudoso tio Xico, e que, mesmo não tendo sido quem me levou à pia baptismal, me deu o nome de Francisco, era mulato. Meio irmão da minha mãe, também ela nascida em Angola, ele era fruto de "amores
proibidos" do meu avô que era militar e ali faleceu, quando os filhos ainda eram bem pequenos. A minha avó materna criou o filho daquela aventura do meu avô com uma nativa, e a quem ele já havia dado nome e paternidade, da mesma forma que criou os outros três seus filhos. Esse meu falecido tio, o Tio Xico, como eu o chamava e que foi o responsável pelo meu benfiquismo, como os demais meio-irmãos, veio para Portugal. julgo que no início dos anos quarenta, e, como eles, estudou e tirou o seu curso.


E, foi da boca dele, em estilo bem humorado, que ouvi uma passagem pitoresca do seu dia-a-dia em Lisboa, onde, desde novo, trabalhava nos escritórios da CUF, creio que na 24 de Julho, junto à Av. Infante Santo. Por aqueles tempos, estava na berra a Casa Africana da Rua Augusta, com aquela imagem do rapaz preto, bem vestido, a carregar uma série de caixas de compras. Contou-me, então, o Tio Xico, que, num determinado dia, véspera de feriado, a esposa, uma algarvia de gema, lhe havia pedido para fazer umas compras, o que ele aproveitou para despachar logo pela manhã, antes de iniciar o seu dia de trabalho. Atrasou-se e, quando chegou à sala da Contabilidade, onde era "guarda-livros", com mais dez colegas, levando nas mãos as compras que ao fim do dia levaria para casa, eis que um deles, com grande alarido, anunciou:
- Chegou o preto da Casa Africana! 
Culto, aquele meu tio, sem qualquer complexo de pele ou origem, muito amigo da família e a quem devo ter conhecido Lisboa desde tenra idade, quando vinha passar férias para a sua casa, no Bairro de Alvalade, bem perto los leões, ele que era um grande benfiquista!
Que repouse em Paz!