Não vou precipitar-me a acusar a Câmara de Pedrógão seja do que for, no âmbito criminal. Para isso está o Ministério Público a investigar. e, acreditando que ainda há Justiça neste proclamado Estado de Direito, ela, cedo ou tarde, mesmo mais tarde que cedo, actuará em conformidade.
Mas há um ponto fulcral em toda esta miserável e preocupante "novela", que me deixa boquiaberto.
Qualquer "fiel de armazém", seja duma empresa, seja de qualquer organismo, tem o material à sua guarda inventariado. Com entradas e saídas, documentadas.
Uma autarquia que recebe donativos de toda a natureza, e bem sabemos como eles lhe foram confiados, em qualidade e quantidade, não pode, ninguém o compreenderá, deixar de ter ter o cuidado mínimo de um registo do material que recebeu e outro do que foi entregue aos destinatários da onda solidária que mobilizou o País e até Estrangeiro. Quem deu e quem recebeu?!!!
Qualquer fiel depositário tem por responsabilidade cuidar e prestar contas dos bens à sua guarda.
A inexistência de listagens elucidativas, só pode ser uma de duas coisas, ou negligência ou má fé e qualquer delas é imperdoável numa autarquia a quem os munícipes confiaram o voto.
Coisa pouca, caso mínimo, num País onde o poder e os poderes instalados nos vão dando sinais de alguma desorientação e pouco cuidado com a transparência!
