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terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

PREC REVISITADO

 Já cá vivi todo o PREC, pois abandonei Moçambique logo após o 7 de Setembro de 1974.

Aquele ano de 1975 devia ter registo na nossa História como o Ano da Vergonha Nacional!
Para lá de todos os desmandos que os mais avançados na idade bem conheceram, assisti a um dos muitos episódios de ocupações de casas promovidos pelas "revolucionárias" comissões de moradores .
Numa vivenda antiga, de três assoalhadas, implantada numa rua nos limites de Alcântara com a da Ajuda, residia um casal de idosos, que tinha o filho e esposa emigrados em França.
Numa manhã, membros da comissão de moradores, acompanhados dum casal e de outros habitantes do Bairro, batem á porta do Proprietário e entram á força na habitação, exigindo que no quarto vago, destinado às visitas de Verão do filho e sua família, fosse alojado o casal que os acompanhava.
De nada valeram as explicações do idoso, que se viu obrigado a telefonar á polícia, queixando-se da invasão e da recusa dos "comissários políticos" abandonarem a casa.
Chegado um carro patrulha, com dois elementos policiais e a tentativa de expulsarem os ocupantes, um dos elementos da comissão de moradores fez um telefonema para o Copcon a pedir ajuda.
Minutos depois, chega ao local uma viatura da Polícia militar, comandada por um Aspirante de insólita barba á Fidel, que, depois duma conversa com os "ocupantes", se dirigiu aos elementos da PSP, exigindo que se retirassem do local, alegando que era assunto da sua competência revolucionária e para ser resolvido por aquela força do Copcon, sob o comando de Otelo.
Soube, depois, que o casal de idosos foi obrigado por aqueles façanhudos de Abril a alojar o casal no quarto vago, perante o seu desespero e justificações não atendidas.
Como vim a saber que, pouco tempo depois, o filho do casal acabou por os levar para França, ficando a vivenda habitada pelos ocupantes.
Não sei como, após a nuvem revolucionária se esbater, a propriedade da casa foi resolvida. Mas, fiquei a saber que, pelo exemplo das herdades ocupadas no Alentejo, as empresas confiscadas e destruídas, as prisões arbitrárias com mandados passados em branco para as mãos de fartas cabeleiras fardadas e irresponsáveis, aquele PREC, e 1975 pode ficar na História de Portugal, como Ano da Vergonha Nacional.
Que não está longe de se repetir, se o poder neste país não estiver nas mãos de quem respeite a Constituição (mesmo que haja sido urdida sob pressão revolucionária), a Democracia e um verdadeiro Estado de Direito!