Iniciar

Para iniciar esta Página, faça um clic na foto.
Navegue....e mergulhe, está num rio de águas límpidas!

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

DA SARDINHA AO POLVO

 

Na aldeia lafonense onde o Vouguinha despertou para a vida, com uma regularidade de uma vez por semana, ouviam-se os estalidos dum foguete, de fraco efeito sonoro, que, diziam, ser "fogo pequeno". Os habitantes sabiam que acabava de estacionar no centro do povoado o carro da sardinha, que afiançavam ser de corrida e transportada desde Espinho.

As "donas de casa", depois de depositarem uns centavos num dos bolsos do avental, em passada larga, confluíam para o local de estacionamento e aviavam-se, enquanto aproveitavam para actualizar as novidades da terra  com as vizinhas que, muitas vezes, só encontravam á saída da missa dominical.
Depois da venda, o "sardinheiro" arrancava para outra povoação próxima, de onde se voltava a ouvir o som daqueles foguetes de cana fina, o tal fogo pequeno!
Ontem, ocorreu-me este costume de muitas décadas, que o Vouguinha já por cá anda há muitos anos, quando, desde manhã cedo até à noite, passei o dia a ouvir morteiradas. Do fogo grosso, daquele que parece competir com os trovões. Notei a diferença e, pelo eco mediático, a que não faltou o brilho psicadélico das luzes da ribalta televisiva, pensei ser o camião dum vendedor de garoupas. Não era!
Era sim, o vendedor de ilusões e de outras bugigangas, como desculpas tão falsas como algumas promessas, que vendia ao desbarato com os tiques de arrogância dum feirante sem vergonha.
Que sardinha, tal como foguetes pequenos,  é peixe barato e o polvo, como os foguetes, quanto mais cresce mais caro nos vai saindo!