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sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Vacine-se o alarmismo!



A ministra Ana Jorge tem-se revelado um dos membros do governo mais dialogantes, numa postura bem diferenciada dum colectivo com marca registada de exasperante arrogância.
Tendo abraçado a pasta da Saúde após as controversas medidas que o seu antecessor implantou no terreno, este pouco ou nada disponível ao diálogo, não lhe foi difícil, também por mérito próprio, cair nas boas graças públicas.
O que mais me leva a estranhar e questionar a forma como tem vindo, nos últimos dias, e através do audiovisual, de modo insistente, provavelmente, dando eco de informações pouco sustentadas dum qualquer responsável hospitalar, fazer-nos crer que poderão existir cidadãos a propagarem, deliberadamente, a Gripe A.
Não me parece sério e responsável, e a crer nas suas próprias palavras, que uma ocasional e fortuita ameaça duma mãe de que "se os seus filhos fossem infectado, infectaria os dos outros", seja encarada com tanta substância e suspeição.
Reconhecendo-lhe, e aplaudindo, o direito, que vem exercendo bem, de informar e transmitir todas as recomendações e alertas conducentes ás boas práticas para limitar o alastramento da doença, já não entendo o alcance desta acusação, por si só, geradora de mais alarmismos e que já terá feito vir a terreiro a Procuradoria Geral da República.
Ao Ministério da Saúde e aos Serviços de lhe estão adstritos cabem as medidas e os meios operacionais adequados para enfrentar a pandemia, ao invés de inculcarem nos seus pacientes o ónus da propagação do vírus, ainda que não despreze um ou outro caso, espúrio e pouco relevante, de negligência e irresponsabilidade por parte de utentes do SNS.
Seria - e custa-me conceber essa intenção -, um caminho pouco sério o uso desta antecipação para justificar, no futuro, perante os cidadãos, um inesperado e indesejável alastrar da doença.
Como pouco sério, em plano similar, será que altos responsáveis atribuam o flagelo dos incêndios, alguns com inusitada dimensão e consequências, única e exclusivamente às "mãos criminosas", que as há, quando todos sabemos que "mão criminosa" é, também, a falta de limpeza das florestas, mormente as de domínio público (a que acresce o insuficiente apoio aos privados). Factor que, no reconhecimento dos próprios, agrava as dificuldades com que os soldados da paz se confrontam no acesso e no combate em defesa das matas e imóveis.
De há muito, aprendi que é arma de cobardes, a defesa ou a desculpa, invocando os erros dos outros. E, neste caso da Gripe A, como noutros, a ser feito por antecipação, é uma vacina adulterada e injusta.
Gostaria que, enquanto rara e feliz excepção neste executivo, esta ministra continuasse em estado de graça. Até ao fim da Legislatura.