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sábado, 18 de abril de 2015

OS ÍCAROS LUSITANOS?


Monument to Icaro Águilas 602129
Monument to Icaro - minube.com.br

Os pilotos da TAP, são um grupo profissional que tem prestado serviços inestimáveis, à sua Empresa e ao País. Não escandaliza que ganhem bem, mesmo que os seus salários estejam muito acima da média nacional e os guindem a um patamar dos, materialmente, mais privilegiados da nossa Sociedade e do sector laboral público.

Mas sabemos que, decorre da natureza humana, a ambição, para muitos, é uma escadaria onde os degraus não têm fim e podem chegar para lá das estrelas.
A crer no que no que, de há longos anos, a CS nos foi dando conta, em 1999, na vigência dum governo socialista, a Administração da Transportadora Aérea Nacional, provavelmente para fazer face às ameaças e surtos de greves a que os tralhadores daquela Empresa recorriam, com desastrosos resultados para uma TAP deficitária, que ia sorvendo um substancial quinhão dos nossos impotos, entendeu ceder à exigência dos pilotos de, numa eventual privatização, ficarem senhores de 10 a 20% do capital.
Ouvida a Procuradoria da República, o parecer foi de que, nem a Administração tinha poderes para decidir o que só ao Estado caberia, como a medida se revelava inconstitucional.
Disso mesmo, ficaram os pilotos cientes e lhes foi transmitido,  nas diversas e continuadas negociações que foram promovendo, quer com a Administração da Empresa quer com a Tutela.
Perante mais uma ameaça de greve que, tal como as que se efectivaram, ao longo dos anos, redundaram em prejuízos de muitos milhões e retiram valor e imagem à TAP, em luta pela sobrevivência, o Governo acedeu às exigências dos diversos sindicatos, em Dezembro último, plasmando no Caderno de Encargos da privatização todas as exigências acordadas e subscritas pelas partes negociais.
Eis senão quando, sem outra previsibilidade que não fosse o surto de greves empreendidas por outros sindicatos de transportes públicos, e com o aproximar das negociações tendentes à privatização, o sindicato dos pilotos entendeu rasgar o Acordo e voltar à liça com a exigência dos famigerados 10 a 20% do capital da Empresa!
Toda esta triste sequência, que tem o seu desastroso clímax na Greve anunciada de 1 a 10 de Maio, com prejuízos  para que, à priori, se avançam números de muitas dezenas de milhões, para lá duma, mais que provável, desvalorização da TAP junto dos potenciais interessados na compra, nos traça um futuro negro para a revitalização daquela Companhia de Bandeira, e de melindre incalculável para o futuro dos muitos milhares de trabalhadores que a servem.
Todo este quadro, me leva a pensar que a postura dos pilotos e do seu sindicato, que, conhecendo bem a situação deficitária daquela Empresa Pública e do sorvedouro que vem fazendo ao erário que nós todos suportamos, colocam, acima de tudo e de todos, os seus interesses e ambições pessoais, tem foros de manifesto desinteresse pela causa de toda uma Sociedade que se debate com problemas económicos de todos e por todos bem conhecidos e sofridos!
Eles, por mais digna que seja a sua profissão, por mais competência e profissionalismo com que têm exercido o seus mister, não são herdeiros do Rei Sol. Não são um Estado dentro do Estado, que, esse, somos todos nós, pilotos incluídos, sejam pedreiros, ministros, mecânicos, professores, polícias, desempregados, reformados, estudantes, projectos de vida......
Este voo, demasiado ambicioso e inexequível, pode constituir uma aventura de consequências nefastas e imprevisíveis, para todos nós, mas, sobretudo, para eles, grevistas,  e para os demais trabalhadores da TAP, onde a falência não estará para lá dos horizontes.
Tenho, ainda, como terão muitos que se preocupam com o devir deste País,  uma leve esperança de que o bom senso prevaleça e se recue na Greve anunciada, mesmo que alguns prejuízos já se hajam consumado.
Para o bem de todos e, para a sua própria salvaguarda, que, lamentaria, vê-los voar tão alto para, depois, os cognominar de Ícaros Lusitanos!