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domingo, 13 de janeiro de 2019

ARROZ ESTORRICADO

De quando em vez, afloram lembranças que pensava perdidas nas helénicas calendas do tempo.
Últimos meses de 1974. Acabado de chegar, em fuga do que imaginava se seguir por Moçambique, de onde regressei nos últimos dias de Setembro, com o despertar serôdio de muitos "democratas" por cá, acabados de sair das sacristias onde se untavam de água benta, ou do emergir de revolucionários "façanhudos", antes imberbes meninos do Côro e, Então, barbudos ferozes, ia trocando impressões com um ou outro conhecido que os meus anos de ausência no Índico não fizeram esquecer.
O meu interlocutor, conhecido por fazer parte do núcleo encabeçado por um velho resistente (esse, sim) conhecido vulto anti salazarista, e que me pregava as virtudes da foice e do martelo e da cortina de ferro, que viria a desfazer-se em flocos de ferrugem, vergastava Marcelo Caetano:
- Já viste, Branquinho, aquele gajo até o arroz que comíamos subsidiava!
Não vendo nisso razão forte para convicções tão vermelhas, fui fazendo de saca-rolhas, para tentar entender das razões consistentes que levaram o homem que conhecera com ligações à União Nacional, a um salto de tão alto trampolim
Não saía nada de consistente e, já a rolha estava quase cá fora, quando, de novo,lhe ouço o que mais o revoltava contra o regime deposto:
- que pouca vergonha. Subsidiarem o arroz para enganar o Povo!
Foi quanto me bastou. Estava ali um protótipo de milhares de salta pocinhas que se agarraram ao martelo soviético. E, muitos foram, por outras razões tão mesquinhas como a daquele revolucionário de Abril.
O que me leva a pensar que, sabendo que, desde 1975. os comunistas vêm em queda de militantes acentuada, muitos foram os que se deixaram embalar pelos amanhãs (que não cantaram) e pelo Sol da Terra, que continuou a girar e não parou por cá, como lhes prometeram.
E que se deixaram inebriar por balelas semelhantes, do mesmo peso ideológico, do arroz subsidiado!