Na campanha das autárquicas já começou a carniça de golpes baixos, os mesmos que já haviam sido servidos em, fartas doses, no decorrer das Legislativas. E, ao que se vai vendo e ouvindo, não lhe falta, também, a demagogia populista.
Podia ser Santana Lopes a abrir o naipe das politicas sujas. Não foi. Veio de António Costa o primeiro golpe baixo.
Fosse eu comentador ou analista político, desses que sabem tudo e são os donos inquestionáveis da verdade e sempre nada lerdos a dissecarem afirmações desta natureza, diria que foi uma jogada miserável, demagógica e populista, acusar Santa Lopes, seu concorrente na corrida por Lisboa, de ter planos para retirar o terreno destinado ao instituto Português de Oncologia para lá implantar um Divertimento.
Pior ainda, quando repetiu, frisando bem, no que eu interpreto como uma clara manipulação dos mais caros sentimentos das pessoas, que era do cancro que se tratava e da luta contra essa terrível doença!...
Como se alguém de bom senso e menos permeável a estas atoardas ficasse convencido que o seu adversário político é insensível à doença dos seus concidadãos, prejudicando o combate a esse monstro que é o cancro!
De facto, na luta política, estamos sujeitos a ouvir muitas monstruosidades!
Mas ainda a propósito do duelo Costa-Santana, sendo que não nutro qualquer simpatia política por qualquer deles, seria interessante saber se não são "encomendas" - e se são, quem as faz - as notícias diárias que o C.M. vem publicando, na repescagem de casos com meia dúzia de anos, como a de ontem a propósito do Parque Mayer e a de hoje com o caso dos acordos com Sporting e Benfica para a construção dos novos estádios. Importava saber da substância destes "casos" e quem tem interesse no seu fabrico.
É que já vimos destes golpes nas Legislativas e sabemos que os sujeitos do benefício são sempre os mesmos!
Ali, mais para a região saloia, em plena acção de campanha por Sintra, a deputada europeia Ana Gomes, alinhando nos ataques que os socialistas vêm desferindo no Presidente da República, usou do seu já sarcasmo de marca para, além de outros "mimos", bem desagradáveis, se dizer "encavacada" com Cavaco.
De início, fiquei mesmo em dúvida se a senhora teria dito "encavacada" ou "encabada"!
Encavacados, mais a Norte, devem ter ficado os candidatos ao Porto, com o comportamento da sua camarada europeia (a outra do "quero-as ambas). Elisa Ferreira, puxando das suas pétalas da rosa, interrompeu, barafustou e tentou monopolizar o debate, como se só ela tivesse direito à palavra. Metralhou, metralhou, de tal forma que, para que o programa tivesse uma ponta de credibilidade, por várias vezes, o moderador se viu obrigado a cortar-lhe tão abundante gralhar. Bem vou dizendo que a arrogância e a prepotência são vírus que se pegam e disseminam com facilidade na mesma Família!
Decididamente, a política neste país não tem pingo de vergonha!
Recupero, das margens deste Vouguinha:
Não resisto a este pitoresco preâmbulo, antes de abordar um tema bem mais sério e actual.
Contam-me, desde menino e moço, que nos anos cinquenta, numa aldeia do concelho vouzelense, um solteirão marceneiro, no fulgor hormonal dos seus vinte e poucos anos, ia arrastando a asa às moças casadoiras da terra.
Um dia, com laivos de escândalo social, numa sociedade comunitária e arreigada aos extremados costumes puritanos, a notícia espalhou-se como fogo de Verão: o Artur “fizera mal” a duas virgens do lugar.
O pároco da freguesia, como bom pastor e com a autoridade temporal que, ao tempo, era reconhecida aos representantes da Igreja, escolheu o fim da missa dominical para resolver o sacrilégio dum dos membros do seu rebanho. Chamou o Artur e as duas raparigas à sacristia e intimou o aturdido marceneiro:
- Artur, desonraste estas duas paroquianas. Para que Deus te alivie o castigo, terás que casar com uma delas. Escolhe!
O nosso Casanova, confuso, depois de um esgar embaraçado, ergueu os braços ao Céu e exclamou:
- Senhor Padre, EU QUERO-AS AMBAS!...
Quase meia dúzia de décadas após este bizarro episódio, parece ser mais vulgar e actual a dificuldade de opção, com mais acuidade quando estão em confronto cargos públicos de relevo.
Elisa Ferreira e Ana Gomes são os rostos mais evidentes e mediáticos desse apetite insaciável pelo que, numa imagem culinária, o nosso povo conhece por “tacho”, numa lógica de que, furando-se o maior, há sempre um mais pequeno para o petisco da ambição pessoal.
O Partido Socialista, registo-o com agrado, ainda que extemporaneamente, decidiu, perante a pressão eleitoralista e na linha do que o seu mais forte opositor já havia anunciado, que os seus candidatos às Legislativas não poderão ser, cumulativamente, pretendentes aos órgãos autárquicos.
Numa sociedade política de compadrio, arranjinhos e promiscuidade, as reacções adversas não se fizeram esperar, criando agitação e fracturas no seio do partido da rosa.
Só por si, razão bastante para que, neste País de jogo viciado, a política e os políticos possam recuperar alguma de toda a credibilidade perdida, mas, mais do que isso, as forças partidárias, devem ter a coragem de privilegiar o mérito e a honestidade, expurgando do seu seio não só os arrivistas do “tacho”, mas também, e sobretudo, as sinistras figuras da corrupção, dos negócio sujos e opacos.
Só assim almejaremos que o nosso regime político perca o estigma de “Democracia do Gamanço” e passemos a conviver com uma POLÍTICA de Transparência, Honra e Verdade e uma JUSTIÇA imparcial, célere e implacável.
Por estas duas últimas, também eu e, creio, toda a Sociedade Civil, responderemos: