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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Conto bucólico


O Ti Zé, um pastor beirão, era conhecido naquela aldeia como sendo o mais bem sucedido pastor da região serrana.
Vivia numa casa de granito, junto ao caminho de terra batida que vai do casario até ao adro da velha igreja. Uma moradia típica, ladeada de frondosas latadas, com paredes cobertas de musgo fino, sendo o piso inferior destinado à guarda das suas ovelhas.
Saía de casa pela manhã, assim que o sol espreitava na orla do monte, levando o cajado numa mão e a sacola do almoço na outra, guiando os animais pelo vale, até ao local da pastorícia.
Era a meio da tarde que recolhia os animais no amplo curral térreo.
E o caricato ia-se sucedendo num ritual diário: uma das suas ovelhas, velha lãzuda e teimosa, enquanto as demais entravam, submissas e alinhadas, aquela recuava, saltitando pelo quintal fronteiro.
A cena repetia-se todos os santos dias da semana. De Segunda a Domingo, sem falhas ou variantes. O Ti Zé descia sempre os degraus até ao piso térreo para dar guarida, junto às outras, à tal ovelha desavinda.
Até uma tarde de Domingo!
O nosso pastor acabava de recolher o seu rebanho, à excepção da ovelha rebelde. Havia já subido ao piso superior e assomado à janela para observar os grupos de crentes que iam a caminho da missa vespertina.
Todos olhavam, e riam, enquanto aquela continuava nos seus balidos de protesto junto à porta do curral.
E foram ocasionais testemunhas da revolta do Ti Zé, que, berrando em tom irado e sonoro, cortou de vez a teimosa mania do animal:
- À PORTA RINCHAS, MAS AO CURRAL NÃO TORNAS!!!...

Ocorre-me interrogar se, num destes dias, em que outro pastor reúne o seu rebanho, alguma ovelha rebelde ficará a rinchar à porta do curral.
Creio que não, são ovelhas submissas e cegamente obedientes ao grande Pastor!
E todas irão balir a uma só voz:
- Mé! Mé!