
Mas, a realidade, o pacote das medidas em torno da redução das pensões, vem deitar por terra esse apregoado sentido de justiça e de equidade, que vou invocar, mesmo sabendo que é uma mau princípio exigir que outrem seja apertado no mesmo torniquete, sempre que lhe sentimos o aperto.
E, lá vêm as tais vacas sagradas. São os ex-políticos, a quem 12 anos de serviço, conferem choruda e vitalícia pensão, são os reformados da Caixa Geral de Depósitos, são diplomatas e magistrados, para quem o Governo invoca terem a reforma indexada aos salários dos activos e são os do Banco de Portugal, a navegarem em ondas dum mar independente, que é o seu Estatuto.
Irrevogáveis, pelos vistos, estes e outros "pinchevelhos" que leis oportunistas foram criando, umas vezes, ao sabor de interesses próprios, já que os políticos não fazem leis com que se possam queimar, outras por snobismos de classe e outras, até, provavelmente, por pressões sindicais! Irrevogáveis, intocáveis, inalteráveis! Não me tirem este sorriso irónico, amarelado. Quem pode invocar estas qualidades em dispositivos legais, da competência do Governo ou da Assembleia, depois de todos os atropelos, rasgões e tentativas de demolição de direitos adquiridos e garantidos por diplomas legais?! Desfeitos num ápice, muitos de um dia para o outro, e mais não foram mercê do travão do Tribunal Constitucional?!
Quando, e refiro por mero exemplo, até a miserável esmola, mesmo assim bem aceite, enquanto gesto, simbólico sinal, de reconhecimento do sacrifício de tantos, atribuída aos ex-combatentes, foi, num estalar de dedos desertores, ou drasticamente reduzida ou extinta? Uma, entre tantas, que não foi excepção nem teve direito a pedestal... ROUBO DAS ESMOLAS
Não me dêem música, que gosto, mas não deste fado vadio e aldrabão.
Não me falem em justiça e equidade.
Não invoquem justiça nas excepções.
Façam reuniões de 12 horas, mas aproveitem o tempo para construir um Estado de Direito e não esta coisa pegajosa onde as vacas sagradas se espojam e a quem os restantes passam a vida a dar palha!