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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

AS VACAS NO PEDESTAL

Ando, frequentemente, a tentar que retirem do pedestal, onde teima em manter-se intocável, a vaca sagrada que é a Constituição. Meus amigos, sem me adiantar muito, que seria espalhar areia num deserto, Portugal já parece o Jardim dos Poetas, de Oeiras. Há estátuas por todo o lado! Estátuas com mais vacas sagradas, intocáveis como a vaca raínha. Deusas terrenas aos pés de quem este Governo se ajoelha e a quem pede a bênção. Todos os que descontaram durante uma vida, deveríam estar a salvo deste saque às pensões. Invocando um último recurso, de corda na garganta, pronto a cair do estrado do cadafalso, dizem-nos que é imprescindível mais este sacrifício, que, até, pretende alguma equidade, na medida em que nivela as pensão do Público com as do Privado. Até não é de enjeitar este princípio. Pressinto-lhe algum sentido de Justiça. Mas que, para não defraudar expectativas criadas e contratos tácitos entre funcionários e o Estado, teria efectividade a partir de agora, para quem, mesmo sabendo desta espremedura, se sujeitasse a entrar na prensa pública.
Mas, a realidade, o pacote das medidas em torno da redução das pensões, vem deitar por terra esse apregoado sentido de justiça e de equidade, que vou invocar, mesmo sabendo que é uma mau princípio exigir que outrem seja apertado no mesmo torniquete, sempre que lhe sentimos o aperto.
E, lá vêm as tais vacas sagradas. São os ex-políticos, a quem 12 anos de serviço, conferem choruda e vitalícia pensão, são os reformados da Caixa Geral de Depósitos, são diplomatas e magistrados, para quem o Governo invoca terem a reforma indexada aos salários dos activos e são os do Banco de Portugal, a navegarem em ondas dum mar independente, que é o seu Estatuto.
Irrevogáveis, pelos vistos, estes e outros "pinchevelhos" que leis oportunistas foram criando, umas vezes, ao sabor de interesses próprios, já que os políticos não fazem leis com que se possam queimar, outras por snobismos de classe e outras, até, provavelmente, por pressões sindicais! Irrevogáveis, intocáveis, inalteráveis! Não me tirem este sorriso irónico, amarelado. Quem pode invocar estas qualidades em dispositivos legais, da competência do Governo ou da Assembleia, depois de todos os atropelos, rasgões e tentativas de demolição de direitos adquiridos e garantidos por diplomas legais?! Desfeitos num ápice, muitos de um dia para o outro, e mais não foram mercê do travão do Tribunal Constitucional?!
Quando, e refiro por mero exemplo, até a miserável esmola, mesmo assim bem aceite, enquanto gesto, simbólico sinal, de reconhecimento do sacrifício de tantos, atribuída aos ex-combatentes, foi, num estalar de dedos desertores, ou drasticamente reduzida ou extinta? Uma, entre tantas, que não foi excepção nem teve direito a pedestal... ROUBO DAS ESMOLAS
Não me dêem música, que gosto, mas não deste fado vadio e aldrabão.
Não me falem em justiça e equidade.
Não invoquem justiça nas excepções.
Façam reuniões de 12 horas, mas aproveitem o tempo para construir um Estado de Direito e não esta coisa pegajosa onde as vacas sagradas se espojam e a quem os restantes passam a vida a dar palha!